Análise do São Paulo: derrota é injusta, mas faz time ligar alerta
22/06 - 10h54
O jogo contra o Atlético-PR é um daqueles nos quais os números não traduzem o resultado. O São Paulo teve mais posse de bola (61% a 39%), finalizações (27 a 11), desarmes precisos (15 a 14), escanteios (oito a cinco), bolas levantadas na área (35 a 11), e foi mais vezes à linha de fundo (21 a 2). Sendo assim, por que perdeu por 1 a 0? Para começar a explicar, é preciso dizer que, novamente, uma falha individual voltou a atrapalhar a equipe - assim como aconteceu nas derrotas para Cruzeiro, Corinthians e Atlético-MG. Desta vez, a bobeada foi de Éder Militão, que deixou Wanderson livre na pequena área para finalizar e marcar o único gol da partida. E isso com apenas três minutos de jogo.
Sem Maicon, que está com um pé no Galatasaray, e Lucão, colocado na geladeira pela diretoria, Rogério Ceni recorreu a Lugano para formar o trio de zagueiros com Militão e Rodrigo Caio. Thiago Mendes apareceu na ala direita. E o time teve muita dificuldade no começo da partida.
O campinho abaixo mostra como estava a disposição do São Paulo. A primeira linha defensiva tinha cinco jogadores. A segunda contava apenas com os dois volantes. Assim, ficavam três jogadores à frente, com pouca participação defensiva. O Furacão tinha campo para jogar. Logo após o gol, por exemplo, Nikão exigiu bela defesa de Renan Ribeiro em arremate de fora da área.
Ceni enxergou bem o que não estava funcionando e mudou o esquema tático. O Tricolor passou a atuar defensivamente com duas linhas de quatro. Melhor distribuído em campo, o time rapidamente equilibrou a partida e passou a dominar a passe de bola. O Atlético-PR sentiu a melhora rival e recuou.
Embora a equipe não tenha criado nenhuma jogada de perigo até o fim do primeiro tempo, uma boa notícia para o torcedor são-paulino foi o crescimento de Cueva. Bem mais participativo, o peruano se apresentou para o jogo, driblou e buscou as tabelas. O camisa 10 é fundamental porque é quem faz a articulação do time e carrega a bola do meio para o ataque.
Se Cueva melhorou, Cícero novamente chamou a atenção pela atuação ruim. No esquema preferido de Ceni, os volantes precisam participar o tempo todo do jogo. E o camisa 8 não consegue ter regularidade para marcar e chegar à frente. Tanto que Jucilei, normalmente o responsável por fazer a primeira proteção aos zagueiros, arriscou duas subidas. Na primeira, entrou na área e cabeceou para fora. Na segunda, arriscou de longe e Thiago Heleno interceptou.
Dois momentos distintos na segunda etapa
Para dar mais força ao ataque, Ceni mexeu no intervalo. Sacou Cícero e promoveu a estreia de Denilson. Com isso, eram três peças bem ofensivas (Marcinho, Pratto e Denilson) e um quarto elemento om chegada (Cueva). Foi o melhor momento da equipe. O São Paulo encurralou seu adversário que, mesmo com duas alterações feitas, não conseguia atacar.
O Tricolor mantinha a posse, mas faltava a finalização perigosa. Denilson exigiu boa defesa de Weverton. Marcinho criava pela ponta direita, enquanto Cueva chegava sempre centralizado. Aos 16 minutos, Ceni tentou dar ainda mais peso ofensivo ao time e colocou Wellington Nem no lugar de Éder Militão. Na prática, porém, a mudança piorou o rendimento da equipe.
Isso porque o Tricolor perdeu tudo de bom que Marcinho vinha fazendo para apostar em um jogador que, mais uma vez, ficou devendo. Na pré-temporada, Nem era o reforço mais badalado. Após sofrer com lesões, é nítido que ele caiu muito de rendimento. Acabou anulado pelos defensores atleticanos.
O São Paulo seguiu rondando a área adversária, mas não conseguia penetrar. Denilson tentava de fora da área, mas errava o alvo. Aos 30, nova mudança e o garoto Brenner, com apenas dois treinos no time profissional, fez sua estreia aos 17 anos. Ele ocupou o lugar de Cueva. Não pela entrada do garoto, mas a saída do peruano fez o time perder ainda mais força ofensiva.
Sem o gringo, o São Paulo perdeu sua única peça que buscava o drible curto e tentava algo diferente para quebrar a marcação. O tempo foi passando até que Wellington Nem, já nos acréscimos, perdeu a última boa chance do Tricolor de marcar.
A quarta partida consecutiva sem vitória no campeonato é para deixar o torcedor são-paulino preocupado. Afinal, o Z-4 é uma realidade. A diferença é de apenas um ponto para o Sport, primeiro no grupo dos piores. No domingo, o desafio será diante do Fluminense, no Morumbi. O Tricolor precisará repetir o volume ofensivo das últimas partidas, mas definir com mais competência.
O time precisa reagir. E Ceni terá de reformulá-lo no meio do campeonato. Isso porque o clube anunciou a contratação de Jonatan Gómez, viu o Bétis aceitar proposta para liberar Petros e deve confirmar até o fim da semana a chegada de Arboleda. Outro que está perto é Matheus Jesus, da Ponte Preta. São quatro novas peças. Se ainda levarmos em consideração que o departamento médico tricolor esvaziou, o treinador ganha muitas opções para armar a equipe.
As próximas semanas serão de jogos apenas aos fins de semana para o São Paulo. Isso significa que Ceni terá tempo para trabalhar e montar a equipe como bem entende.