A equipe Tricolormania esteve presente, neste sábado, no Morumbi, para cobrir a apresentação do novo comandante São-paulino.
Confira, abaixo, a íntegra da apresentação e da entrevista coletiva do treinador Paulo Autuori:
Palavra de Marcelo Portugal Gouvêa, Presidente do São Paulo Futebol Clube.
Boa Tarde a todos. É uma satisfação imensa estar aqui apresentando oficialmente à imprensa, à torcida do São Paulo, aos esportistas em geral o novo treinador do São Paulo, Paulo Autuori. Quem milita na imprensa já há algum tempo, certamente conhece e sabe da carreira dele. Conforme eu digo sempre, o São Paulo prefere que os técnicos que aqui chegam façam um longo trabalho, acompanhe as equipes de base, levem jogadores que tenham valor para a equipe principal e fiquem trabalhando bastante tempo. Infelizmente no nosso futebol, por circunstâncias várias que os senhores conhecem, não foi possível que o São Paulo fizesse isso desde que eu assumi o clube mas a esperança e a nossa certeza e esta é a nossa filosofia, ela não muda. Estamos trazendo um treinador experiente que já esteve na Europa, já esteve na América Latina, já esteve no Brasil com muito sucesso e eu acho que a gente tem a pretensão de dizer que ele está perfeitamente em condições de, nesse momento, dirigir o São Paulo Futebol Clube. Ele está consciente da cobrança. Ele sabe que dirigir equipes assim e ele já dirigiu várias é difícil, a cobrança é muito grande mas nós demos a ele uma certeza que é tranqüilidade para trabalhar. Aqui no São Paulo, apesar dos ilustres amigos dizerem que a crise se avizinha; aqui no São Paulo não existe crise. Aqui no São Paulo não é dois ou três insucessos que se tornam crise. A gente quando estabelece, investe e acredita numa pessoa, não é pra amanhã ou pra depois de amanhã, é pra algum tempo. Como todos sabem, eu tenho mais um ano de mandato e espero sinceramente que quando estiver terminando meu mandato, esteja ao meu lado o Paulo Autuori e também esteja eu podendo cumprimentá-lo por muito sucesso e por muitos títulos. Passo a palavra agora ao doutor Juvenal Juvêncio que dirá algumas palavras e depois vocês vão fazer aquelas perguntas fáceis de responder pelo Paulo Autuori.
Palavra de Juvenal Juvêncio, Vice-presidente de Futebol do São Paulo Futebol Clube.
O Paulo Autuori não depende de apresentação. É só pra registrar aqui a presença dele. Os senhores é que vão falar com ele, etc. Eu fiquei muito alegre em perceber a recepção ao nome dele. Percebi aqui, percebi acolá porque eu costumo dizer que o dirigente de clube tem o chamado munus público. Nós temos o nosso oxigênio que é a torcida. A existência de um clube está galgada na torcida. Não existe clube grande sem torcida, sem representatividade, sem representação. É preciso ouvir todos? Não. Não precisa ouvir ninguém? Também não. Mas é preciso sentir e por isso demoramos dois, três, quatro dias sentindo um pouco e a gente percebia de técnicos até consagrados que tinham um índice de rejeição muito forte, até que surpreendeu. Mas desta postura, dois nomes marcaram na visão que tínhamos. Fomos surpreendidos pelo pedido de demissão do Leão e a partir dali, começamos a visualizar esse quadro. Eu costumo dizer que no país temos três nomes, independentemente de competência, que tem grande impacto junto a torcida, junto a mídia como técnico. Não estou nominando nenhum deles pela competência, mas pelo impacto. Que é o Luxemburgo, que é o Leão e que é o Felipão. Esses têm grande ressonância, grandes manchetes. Depois a gente entra no nível que não tem o mesmo impacto, mas me agradou demais a recepção que teve o nome do Paulo Autuori. Ele esteve onze anos em Portugal, quatro anos no Peru, muito distante daqui. Outra coisa que me surpreendeu em uma conversa que tivemos ontem a tarde, foi que ele está absolutamente atualizado com o futebol brasileiro, sabendo como joga aqui, como joga acolá. Não só as equipes como os próprios atletas. Certamente os senhores vão se surpreender com o conhecimento dele, específico, sobre o futebol brasileiro. Assinamos um contrato até 31 de dezembro de 2006 e espero que a gente tenha uma vivência bastante saudável e bastante eficaz. Com você, Paulo.
Palavra de Paulo Autuori, técnico do São Paulo Futebol Clube.
Boa tarde a todos. Primeiro gostaria de agradecer as palavras do presidente e do doutor Juvenal, e dizer da satisfação de estar envolvido e vinculado a uma instituição com a excelência do São Paulo. Estou perfeitamente consciente disto e o que isto gera para o profissional, mas algo que tenho comigo é muita confiança naquilo que posso desenvolver e fazer em termos profissionais e em termos pessoais. É com essa confiança que segunda-feira estaremos dando início ao nosso trabalho com muita vontade, muita determinação e com alguns conceitos bem vincados que tem a ver com aquilo que eu penso não só em termos pessoais mas em vida profissional também. E saber primeiramente que o futebol é apaixonante da maneira que é, gera tanta empolgação porque existem verdadeiramente dois protagonistas dentro do fenômeno futebol, jogadores e público, torcida. Esses são os verdadeiros protagonistas. Essa reciprocidade que existe no jogo de futebol é o que torna esse esporte apaixonante. Qualquer outro interveniente que queira ganhar o protagonismo, estará certamente diminuindo e matando essa beleza que é o fenômeno futebol. Então, dentro dessa idéia inicial, que não tem haver com palavras somente, tem haver com atitudes, com gestos, um passado e uma trajetória é que eu estarei à disposição de vocês para qualquer tipo de questão.
Entrevista coletiva - Paulo Autuori
Imprensa: Já houve uma conversa de possíveis reforços e o número de jogadores que você pretende trabalhar esse ano? Paulo Autuori: Nós chegamos com a consciência do que é a realidade do futebol de São Paulo. Nós vamos seguramente ter um convívio e você vai ver que eu não dificilmente vou falar nisso. Eu não gosto do condicional. Então, primeiro deixe que as coisas aconteçam para depois reagir e dentro disso há uma lealdade muito grande no processo. Esse foi o tom da nossa conversa. Eu respeito três coisas fundamentais, em qualquer situação: com quem, quando e aonde. São situações pra mim claras e que dentro de uma perspectiva de saída e de entrada, nada no futebol pode nos assustar porque o São Paulo é grande demais e sabe perfeitamente as suas necessidades e a confiança em todos. Há uma estrutura que caminha sozinha, como ficou provado nesse período da saída do Leão até a próxima segunda-feira e isso é para poucos. Isso tem que ser realçado, valorizado e é isso que eu faço. Vou esperar e responder de uma maneira direta quando realmente as coisas acontecerem, mas é importante que fique claro no meu trabalho a lealdade que tenho com os processos.
Imprensa: Você se sente conhecedor do futebol brasileiro mesmo estando fora do país desde 2001? O doutor Juvenal disse que a contratação não é de impacto mas é de um treinador que resolve? Paulo Autuori: Essa resposta já mais ou menos vem no preâmbulo da sua pergunta. Eu acho que o protagonismo no futebol é do jogador. Eu não tenho a menor preocupação de ser impacto ou não. Eu tenho a preocupação de trabalhar com seriedade, com qualidade e isso só o dia a dia vai demonstrar. Eu acho que palavras são muito fáceis de dizer. Nós vivemos no futebol e vivemos de jogos e na realidade dos jogos, dos resultados. Isso é uma coisa muito clara para todos, então não dá para fugir muito disso e começar a florear coisas. O objetivo é desenvolver o trabalho dentro da minha cota-parte fazer o meu melhor e ajudar a equipe de alguma maneira dentro de uma forma solidária como é aquilo que eu estou acostumado a trabalhar e como eu entendo futebol. Eu entendo o futebol hoje em relação ao comando técnico como uma equipe multidisciplinar onde todos têm autonomia e competência. Gostaria de aproveitar o momento e valorizar o material humano existente na comissão técnica e eu quero explorar ao máximo a qualidade desses profissionais e rentabilizar isso.
Imprensa: E sobre o futebol brasileiro? Paulo Autuori: O futebol brasileiro hoje, eu acredito que todo treinador deve estar reocupado e tem as facilidades tecnológicas de estar atento ao que passa no mundo do futebol. O Brasil é a minha terra, tenho orgulho e tive a oportunidade de nesses últimos anos quando estive fora, trabalhando em uma seleção de um país que não é o meu dizer que eu me orgulho cada vez mais em ser brasileiro e de ver tantos profissionais brasileiros com a qualidade que têm, trabalhando com dificuldades e fazendo coisas incríveis, interessantes. Isso tem haver com a capacidade de criação, capacidade de se adequar às dificuldades existentes na vida profissional e pessoal de cada um.
Imprensa: Você é um treinador enérgico e disciplinador com o elenco ou você faz um outro estilo? Paulo Autuori: Eu, acima de tudo, respeito a característica de cada um. Tenho a minha e prefiro resumir em uma palavra que exprime bem aquilo que penso que é o rigor profissional. Tem que falar disso porque se parar e olhar pra trás na minha trajetória, até esse momento estou satisfeito mas quero mais. Não em relação a conquista, nada disso, mas em relação a esse rigor profissional. E a cada dia a gente pode crescer junto e eu sei perfeitamente que esse elenco dessa instituição facilita sobremaneira o trabalho de qualquer treinador porque já há uma seleção natural daqueles profissionais, dentro desse rigor que nós gostamos e exigimos e acho que só é possível hoje vingar nesse mundo tão competitivo como é o futebol, cada vez mais com esse rigor profissional que se exterioriza no dia a dia e não através de palavra.
Imprensa: Caso você queira jogar com dois meias utilizando o 4-4-2, você tem o Marco Antonio, o Souza e o Vélber. O que você pensa desses três jogadores e o que espera de cada um deles? Paulo Autuori: Eu tenho a característica de não analisar em público os jogadores. Eu prefiro dizer isso diretamente aos jogadores. E nos últimos anos tenho trabalhado de uma maneira contínua no 4-4-2, mas não serei louco de meter em perigo todo um momento de produtividade e competitividade de uma equipe. Então antes dessa sua pergunta, devo dizer que hoje acredito muito mais na maneira como se joga no sistema de 4-4-2 com suas variantes. O que não quer dizer que nós vamos modificar o sistema que o São Paulo está utilizando de uma hora para outra. Temos que ter inteligência para gerir o nível competitivo da equipe. Na minha opinião é muito bom o nível competitivo da equipe.
Imprensa: Qual era o seu planejamento antes de receber o convite do São Paulo? Pensava em ir para um grande clube ou descansar um pouco depois de deixar a seleção do Peru? Paulo Autuori: Primeiro é que eu saí do Peru porque quando se mistura política com futebol e com o esporte em geral, eu acho que ambos saem diminuídos e isso foi o que aconteceu. Eu não previa, o meu objetivo era, junto com o apoio do presidente da Confederação me manter no cargo até o final da temporada lutando pelo quarto ou quinto lugar nas eliminatórias que sempre foi o objetivo. Isso já passou. Descansar, não porque publicamente eu já pude exteriorizar a minha opinião sobre isso. Acho que o trabalho em seleção não tem muito haver comigo. Eu gosto do dia a dia e senti muita falta de estar diariamente no campo trabalhando porque o que dá garantia de segurança ao treinador é aquilo que ele faz durante a semana nos treinamentos. Pra você poder entrar no jogo tranqüilo, seguro, sabendo que a sua equipe vai desenvolver aquilo que foi trabalhado. Em seleção isso é impossível, então, eu não tinha o menor objetivo de descansar. E com muita satisfação e orgulho, recebi esse convite e aqui estou para começar o trabalho a partir de segunda-feira.
Imprensa: Será que dará tempo para mostrar seu trabalho já na Libertadores daqui pra frente? Paulo Autuori: Eu acho que a vida do treinador é de cobrança diária. Você entra e já tem que estar preocupado em ganhar os jogos. Nós sabemos como está esse mundo do futebol com uma competitividade enorme, com o campeonato brasileiro tendo um equilíbrio que não existe em outra parte do mundo e a Libertadores que tenho tido oportunidade de acompanhar bem de perto, de repente, muito mais do que se estivesse aqui no Brasil. Uma competição que já tive a oportunidade de estar envolvido e sei das dificuldades. Todas as equipes que entram em uma Libertadores tem que ter um nível competitivo altíssimo e. as vezes, isso influi um pouco na plasticidade do jogo. Embora, eu ache que é perfeitamente possível associar esse nível competitivo com a plasticidade do jogo. Isso depende apenas da nossa disponibilidade de nos sacrificarmos durante os jogo e gostar de fazer coisas boas e bonitas. Isso tem haver com aquilo que se faz no dia a dia e nos jogos.
Imprensa: Dez anos depois do título brasileiro conquistado pelo Botafogo carioca, o que mudou no Paulo Autuori? Paulo Autuori: O tempo. O tempo é implacável e acima de tudo aquilo. São experiências distintas que o profissional vai passando e você vai se preparando principalmente para os momentos difíceis. As oportunidades que tive, junto com os grupos que trabalhei, e chegar ao título; e logo após conquistar o título me vem na cabeça a pergunta: e se não tivesse ganho? Então, eu tenho uma preocupação muito grande em manter a minha postura tanto nas vitórias como nas derrotas, ou seja, o equilíbrio é fundamental, principalmente em uma atividade tão desgastante como é a nossa.
Imprensa: Qual foi o algo mais para você aceitar comandar o Tricolor? Paulo Autuori: Quando a gente fala em instituição, fala de uma forma ampla. Eu acho que o São Paulo tem uma visibilidade no mundo do futebol que é uma referência. Quando se fala em contratações de fora, há uma preocupação grande em saber aquilo que se passa em um clube como o São Paulo. Então, a partir daí, qualquer profissional se sente orgulhoso de fazer parte dessa família e desenvolver o seu trabalho. Eu, dentro da minha ínfima cota-parte, com algo que tem haver com a minha maneira de entender a vida que é humildade e solidariedade que são coisas fundamentais como eu penso e que não ficam apenas no lado pessoal, e sim no profissional. Isso tudo me fez não pensar de que não poderia estar presente. Me sinto em condições de corresponder as expectativas e a esse desafio; e acima de tudo poder participar de um grupo humano tão valioso, tão valoroso que tenho um apreço grande.
Imprensa: Você acredita que o São Paulo continua sendo favorito no Campeonato Brasileiro? Paulo Autuori: Sob qualquer circunstância, o São Paulo sempre será favorito ao título que estiver disputando. Durante os onze anos que estive em Portugal, sempre disputei campeonatos na forma do Brasileiro, com pontos corridos. Premia a regularidade. Você tem que entender que todo jogo você tem que jogar no seu limite físico, técnico, tático e mental se quer ser campeão e, dentro disso, eu acho que é a forma como todos devem encarar. Acredito que o primeiro campeonato disputado assim em 2003, as equipes não estavam acostumadas a esse tipo de competição e ainda entraram com a idéia de poder administrar em alguns jogos. No ano passado já houve um equilíbrio muito maior e esse equilíbrio retrata a realidade do futebol brasileiro porque realmente é o único país do mundo que permite que treze, quatorze equipes entrarem com condições de pensarem no título. Um equilíbrio fortíssimo, o que faz com que todos nós tenhamos que encarar cada jogo no nosso limite.
Imprensa: Você pensa em trazer alguém para trabalhar com você? E com relação ao elenco, você pensa em aumenta-lo? Paulo Autuori: Esse é um tema que com o passar do tempo, nós vamos nos aprofundando. Com relação à pessoa que possa vir trabalhar comigo, há essa possibilidade e nesse momento seria pouco precoce falar nisso. Acredito que durante a próxima semana, isso possa ficar mais claro. Mas a qualidade do comando técnico do São Paulo, me faz pensar em explorá-lo ao máximo.
Imprensa: Você esteve no CT se apresentando aos jogadores e como foi esse primeiro contato com os jogadores? Você tem alguma informação das categorias de base do São Paulo? Existe algum jogador que você poderia aproveitar no time principal? Paulo Autuori: Essa é uma das características do meu trabalho. Eu vivo isso intensamente. Em alguns clubes, inclusive, fui convidado a fazer uma integração do futebol profissional com as categorias de base. Eu gosto e desfruto. Com relação ao contato, foi o melhor possível e já há um conhecimento profissional de que é um grupo extraordinário e tem demonstrado isso com atitudes. Espero que isso se prolongue e a gente possa corresponder a expectativa em todos os sentidos e lutar por vitórias e por títulos.
Imprensa: Qual a sua opinião do Rogério Ceni bater faltas? Paulo Autuori: Nós temos que diferenciar a necessidade da vontade. Com a produtividade do Rogério cobrando faltas, eu não preciso dizer mais nada.
Imprensa: Estrear em um clássico contra o Corinthians é melhor ou pior dói que se fosse com um time pequeno? Paulo Autuori: eu acho que a responsabilidade existe em todas as circunstâncias e tem haver conosco mesmo. É uma grande estréia e espero que ocorra da melhor maneira possível, mas antes temos o jogo de hoje e eu desejo felicidades a toda equipe e ao Milton que é um profissional de alto nível que vai estar muito ligado e participativo no trabalho comigo.
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