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A equipe Tricolormania entrevistou o deputado federal José Eduardo Cardozo do Partido dos Trabalhadores no seu escritório político, em São Paulo. Em meio a turbulências políticas e participação como membro da CPMI dos Correios, o deputado São-paulino conseguiu um espaço em sua agenda para conversar com os Tricolormaníacos. Na entrevista, Cardozo fala sobre a sua trajetória política, o governo Lula, as denúncias de corrupção, o PT e sobre o seu time de coração, o São Paulo Futebol Clube.

TM: Nos fale um pouco da sua formação política e profissional.
JOSÉ EDUARDO: Eu comecei a atuar na política na infância, no centro cívico no meu colégio, tanto no ginásio como também no colegial. Eu fiz o colégio vocacional Oswaldo Aranha na região do Brooklin em São Paulo. E lá tinha o centro cívico na época da ditadura que também é conhecido como grêmio. Aí comecei a participar disso, primeiro como diretor cultural. Posteriormente quando eu cheguei à Faculdade, eu comecei a freqüentar o movimento estudantil. Uma das coisas que me fez entrar na política foi a invasão da PUC em 1977 comandada à época pelo secretário de segurança pública Erasmo Dias. Isso me causou um trauma muito forte. Vi colegas apanharem e a universidade depredada. Então, eu entrei no movimento estudantil e em 1979 eu entrei no centro acadêmico 22 de agosto. Depois, eu saí da faculdade, prestei um concurso na prefeitura de São Paulo para ser procurador e passei. Após algum tempo, eu fui convidado a assessorar a bancada do PT na Câmara Municipal, na época trabalhando com a vereadora Ideli Cardoso que era do PT na época. Foi aí que eu me aproximei da Luiza Erundina. Eu já tinha me filiado ao PT desde a origem em 1980. Na época da Luiza Erundina, eu era líder da bancada municipal. Aí começou a haver os trabalhos da Constituinte. Eu e o Pedro Dallari trabalhamos na comissão de assuntos constitucionais do diretório nacional. Ajudamos a redigir propostas do PT para a Constituinte. Depois disso, o Jânio Quadros cassou os comissionamentos do PT na Câmara Municipal. Aí eu retornei para a prefeitura e voltei a ser assessor da bancada do PT na Assembléia Legislativa. Na época, o atual vice-governador, Cláudio Lembo era secretário geral de assuntos jurídicos da Prefeitura e me convidou para ocupar um cargo privativo de procuradores da assessoria dele e eu fui. Depois, me tornei chefe da assessoria jurídica dele no final do governo Jânio. Erundina se elege, eu fico como secretário de governo da prefeitura e me descompatibilizo apenas para disputar a eleição para vereador. Disputo as eleições e não me elejo ficando como segundo suplente. A Erundina vai para o Minsitério do Trabalho na administração federal e eu vou como chefe de gabinete do Ministério dela, mas fico apenas quatro meses, retorno, fico advogando e em 1995, nos dos últimos anos do governo Maluf, sou convidado para assumir na câmara como segundo suplente. Eu tinha tido nove mil votos na eleição e assumo como segundo suplente, disputo a eleição seguinte e me elejo como último colocado da bancada com 16 mil votos. Aumentei a votação, mas mesmo assim foi uma votação que não dava uma margem de segurança. No período do Celso Pitta, eu presidi a CPI da máfia das propinas que deu muita visibilidade e escrevi o livro ‘A máfia das propinas’. Aí, fui eleito vereador com uma votação boa de 229 mil votos. É aí que a Marta ganha a eleição, eu virei presidente da Câmara e depois me elegi deputado federal com mais de 300 mil votos. E durante esse tempo eu mantive a minha condição de professor da PUC, fiz um mestrado, não consegui terminar o meu doutoramento, embora tenha cumprido os créditos. Dou aula no Damásio que prepara o aluno para concursos públicos. Estou a quase vinte anos lá. Dei aula na FMU algum tempo, dei aula na universidade de São Bernardo do Campo, dei aula de especialização na universidade católica de Santos e também sou professor da escola superior do Ministério Público.

TM: Qual a avaliação que o senhor faz do governo Lula?
JOSÉ EDUARDO: Eu diria pra você que o governo conseguiu alguns êxitos que muitos não contavam que conseguiria. O equilíbrio da economia, a redução do ‘Risco Brasil’, a contenção do dólar que se encontrava em situação explosiva quando o governo Lula assumiu e dentro desse processo o governo conseguiu uma situação de retomada do desenvolvimento ainda pequena devido às necessidades, mas uma retomada que poucos acreditavam que pudesse acontecer. Nós temos aí números que são bastante otimistas. Isso mostra que, evidentemente, nenhum governo pode fazer mágicas e esse governo não fez nenhuma mágica, mas conseguiu êxitos que realmente não podem ser ignorados. É claro que ainda existe desemprego, ainda existe miséria e é claro que isso não depende de um só governo de quatro anos para solucionar isso tudo. Nem mesmo o governo do mágico David Cooperfield conseguiria eliminar todos os problemas da realidade brasileira. Mas o governo Lula vai bem. Como todo governo, às vezes, passa problemas e períodos de turbulências e na avaliação geral eu acho que o governo vai muito bem e tanto é verdade, que a popularidade do presidente continua alta. É um governo bem avaliado pela população.

TM: O senhor concorda com aqueles que afirmam que o partido dos trabalhadores mudou após chegar à presidência em 2002?
José Eduardo: Todo partido ou força política que é chamada para exercer o poder aprende com ele, recicla, muda posições e se aperfeiçoa. Com o PT não é diferente. Agora, dizer que o PT mudou a sua dinâmica interna depois que chegou à presidência, é uma mentira. Nós sempre tivemos tendências e disputas e esse sempre foi um fator rico da vida política do PT. Isso era colocado quando nós éramos oposição e se coloca agora que somos governo. É importante lembrar que, de fato, é a primeira vez que o PT governa o país mas já governou cidades importantes como São Paulo por duas vezes, governou estados como o Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e portanto nós temos experiência de governo e não creio que a chegada ao governo federal tenha alterado a nossa dinâmica política interna. O fato de exercer o governo nos trouxe novos desafios políticos e novas reflexões que, evidentemente, fazem com que o partido necessite pensar a partir dos seus princípios a situação política. Mudar o que deve ser mudado e manter o que deve ser mantido. Agora, que o partido tenha mudado se tornando autoritário ou passando a ter outra política interna, isso não existe.

TM: O PT sempre foi um partido com muitas correntes diferentes..
JOSÉ EDUARDO: Claro. Aliás, se falava isso antes de vencermos a eleição de que nós não tínhamos vocação para governar porque nós brigávamos muito internamente e nós estamos mostrando o contrário, que nós temos vocação para o governo embora continuemos com as nossas discussões que são naturais da vida política de um verdadeiro partido. É que na cultura brasileira não se está acostumado a partidos, mas sim a legendas. Então, a vida interna de um partido que não é dominado por um cacique onde as pessoas tem opiniões e fazem disputas é estranho na história da cultura brasileira em que não há partidos.

TM: Muito se fala sobre a compra do novo avião presidencial pelo presidente Lula. O senhor acredita que houve erro do governo nesse caso?
José Eduardo: Veja, governar significa fazer avaliações e tomar posicionamentos. Há quem irá concordar com certos posicionamentos e há quem irá discordar. Manter a atual situação do transporte do presidente da república implicava em um gasto que em 11 anos pagaria um novo avião. A pergunta que se faz é: se eu tenho um carro com problemas de segurança, de poluição, que não pode me levar onde eu quero. O que eu preciso? Ou eu opto por comprar agora um carro novo de maneira que dentro de 11 anos ele esteja totalmente pago com o custo que o carro velho me daria sem os benefícios que me traria, ou então eu sigo outro caminho. É uma decisão. Alguém pode até discordar dessa decisão mas dizer que é uma estupidez, não me parece. Se é uma coisa que se paga em 11 anos como está provado pelos números apresentados, se está claro que o presidente da república, e todos que vierem daqui pra frente, pode se locomover com mais rapidez, com mais segurança e evidentemente com um menor custo de manutenção. Porque ficar com o avião velho? Por demagogia? Pra dizer que não comprou? É preciso se pensar na coisa pública e pensando na coisa pública é preferível ter um bem novo que se paga com o custo que o velho teria do que manter o velho com custos astronômicos.

TM: Na sua opinião, o que levou a candidata do PT a não conseguir se reeleger para o cargo de prefeita da cidade?
JOSÉ EDUARDO: Eu acredito que ocorreram erros graves durante a campanha e na própria gestão da prefeita Marta.

TM: Um desses erros graves teria sido a personalidade da Marta?
JOSÉ EDUARDO: Eu acho que a personalidade da Marta não foi a principal razão de ser. Foi a forma de como se fizeram a gestão e a campanha. A forma de atuar do governo municipal foi ao meu ver uma maneira muito autoritária de se fazer política, inclusive, não rompendo com certas práticas malufistas que ao meu ver era a razão de ser da eleição da Marta. A maneira como se formou a maioria na câmara. A maneira como nós nos relacionamos com outras forças políticas na cidade. Essas questões acabaram frustrando setores da sociedade paulistana que esperavam um governo mais aberto, mais democrático e que dialogasse com outras forças políticas. Isso fez da imagem da prefeita uma imagem autoritária. Independentemente da personalidade da Marta ser A ou B em qualquer governo que tivesse tido as posturas que esse governo teve seria visto pela população como autoritário. A população não queria um governo autoritário, ela queria romper com o malufismo que é a expressão maior da negação da ética e do autoritarismo. Como isso não foi feito, setores expressivos da sociedade e, particularmente, a classe média que tinha essa expectativa não votaram em Marta e ganhou o Serra. Essa é a explicação que eu tenho e são falhas que nós não podemos repetir.

TM: Mais especificamente, esses erros seriam em cima de negociações políticas na Câmara?
JOSÉ EDUARDO: Falta de ação política. Tratar o Legislativo não como um centro de poder mas como um cartório de homologação do executivo. Não discutir com a sociedade, não estar aberto ao diálogo com a sociedade. Na questão tributária, isso ficou muito claro. É evidente que é necessário você usar os tributos mas não se discutiu com a sociedade. Quando se construiu a idéia do ‘Martaxa’, poderia se ter aberto a discussão. Eu pessoalmente achava que a taxa de isenção do IPTU era muito alta. Tinham setores que poderiam pagar IPTU e estavam isentos e se salgou demais setores de comerciantes que, evidentemente, reagiam. Se tivesse aberto um diálogo com a sociedade, se poderia ter alterações sem perda de receita mas com outras definições e, eu acho, que esse foi o nosso equívoco.

TM: O senhor pensa em futuramente ser candidato a prefeito, governador e até presidente da república?
JOSÉ EDUARDO: Isso é uma coisa que se coloca no horizonte de qualquer pessoa que está na vida política, mas eu acho que ainda é uma coisa muito distante. Nesse momento, eu quero cumprir o meu mandato de deputado federal, talvez concorrer a uma reeleição para deputado federal e a partir daí se for bem votado, se realmente tiver feito um bom trabalho que mereça reconhecimento, eu poderia pensar.

TM: O prefeito José Serra, afirma que a gestão Marta Suplicy deixou dívidas maiores do que os oito anos de Maluf e Pitta. Como o senhor vê essa afirmação?
JOSÉ EDUARDO: Eu não creio. Eu acho que o endividamento da cidade é algo normal porque todos os municípios têm um endividamento alto.

TM: Se essa afirmação do atual prefeito não é verdadeira, por que o PT não se manifesta publicamente contra?
JOSÉ EDUARDO: Seria importante que a Marta Suplicy viesse a público fazer esse debate porque eles têm os dados nas mãos e ela teria como se defender e se não vier a público passará uma idéia muito ruim.

TM: Determinados veículos de imprensa se mostram contra o governo Lula. Na sua opinião, por que isso ocorre? Como o governo está agindo contra esse fato?
JOSÉ EDUARDO: Eu acredito que nós temos que ter um diálogo transparente com a sociedade. Não é simples. Evidentemente você tem bons e maus jornalistas, órgãos de imprensa, bons e maus políticos. Existem órgãos de imprensa que fazem uma polarização ideológica com o nosso governo e outros não, sendo mais fidedignos, mais factuais naquilo que falam. Nós temos que saber conviver nessa realidade e dialogar com a sociedade e mostrar que nós fazemos um bom governo.

TM: Com as denúncias do deputado Roberto Jefferson, o PT é colocado sob suspeição perante a opinião pública e o seu eleitorado. Como o partido agirá para tentar reverter essa situação?
JOSÉ EDUARDO: Eu acredito que o único caminho que nós temos é investir na investigação, na busca da verdade dos fatos de forma absolutamente transparente. Se nós conseguirmos fazer isso e aplicar punições aqueles dirigentes petistas que, eventualmente, possam estar envolvidos nisso tudo, eu acho que nós conseguimos sair arranhados mas com nosso patrimônio ético intocável.

TM: Até que ponto esse fato prejudica o projeto de país que o PT possui?
JOSÉ EDUARDO: Eu acho que o projeto continua intacto, o que atrapalhou foi a execução do projeto. As nossas idéias estão preservadas, mas infelizmente, a execução do projeto foi profundamente atingida.

TM: O senhor concorda com o atual presidente do PT, Tarso Genro, que afirma que o partido precisa ser refundado?
JOSÉ EDUARDO: Eu acho que a idéia de refundação é boa porque implica numa ruptura com erros que foram inaceitáveis e demonstra que o projeto do partido está intacto e se quer partir dentro de uma nova dimensão para a execução desse projeto.

TM: O que leva dirigentes do PT que tem um histórico de comprometimento com a ética na política a se juntarem com pessoas como o deputado Roberto Jefferson?
JOSÉ EDUARDO: São duas coisas que nós temos que separar. Uma coisa é uma eventual participação num esquema de arrecadação de propina e isso precisa ser investigado. Eu acho que seria muito cedo nesse momento dizer quem está envolvido. A outra coisa, é a questão da relação com outras forças políticas que nem sempre estiveram no nosso campo programático e ético. No fundo, o sistema brasileiro infelizmente força os governos a ter instabilidade dessa maneira. Você não consegue governar se não tiver maioria no Legislativo e, a partir do momento em que você tem uma polarização entre PT e PSDB, esses dois partidos quando chegam ao poder necessitam buscar apoio nesses outros seguimentos que historicamente usufruem da proximidade do poder. Então, eu acho que no fundo, isso tem haver com o sistema eleitoral brasileiro que é defasado. Tem uma estrutura do Estado marcado por cargos de confiança e que fazem com que os partidos ao invés de fazerem alianças programáticas, querem compartilhar do poder da forma mais mesquinha possível que é essa indicação de cargos sem compromisso programático. Isso tem que ser alterado.

TM: A cúpula do PT que está sendo acusada se agarra à velha filosofia de que o fim justifica os meios?
JOSÉ EDUARDO: Eu não posso afirmar isso porque nós estamos em fase de investigação e fazer uma afirmação dessa seria pré-julgar. Mas eu acho que há uma matriz de esquerda que você vai encontrar com grande força visões Trotskistas que defende explicitamente isso, no stalinismo e outras que mantém a idéia de que para a revolução os meios se justificam. Para o bem do Estado, para a revolução e para a transformação, para aquilo que eu acredito, tudo se justifica. Esse princípio pode existir em pensamentos de esquerda. Eu gostaria de dizer no final das investigações se isso se faz presente e em quem se faz presente. Nós não podemos afastar essa hipótese que muitas vezes pessoas seguindo aquilo que acreditam façam coisas dessa natureza.

TM: O Delúbio Soares confirmou o uso de caixa 2 em campanhas eleitorais. Essa confissão não exige uma punição por parte do PT contra o seu ex-tesoureiro?
JOSÉ EDUARDO: Eu acredito que o Delúbio dificilmente escapará de uma punição do partido. Eu acho também que ele tem o direito de se defender, de serem cumpridas etapas da comissão de ética e aí ao final nós termos uma sanção partidária. Há se confirmar esses fatos, ele dificilmente deixará de ter uma punição rigorosa aplicada pelas instâncias partidárias cabíveis.

TM: O senhor, como membro da CPMI dos Correios, acredita que o presidente Lula esteja envolvido nesta história?
JOSÉ EDUARDO: Os fatos, até agora, não revelam nenhum envolvimento dele. No ponto de vista das impressões, as pessoas possuem aquelas que elas acham que devem ter. A impressão que eu tenho é que ele não está envolvido justamente porque ele vem tomando uma posição de cobrar investigações, o seu histórico de vida, as situações que cercam a própria denúncia em que o denunciante poupa o presidente, são motivos que me levam a crer que o presidente não está envolvido nisso.

TM: Se ocorrer a abertura de um processo de impeachment contra o presidente, o PT através da sua militância irá às ruas se manifestar em defesa do Lula?
JOSÉ EDUARDO: Se o impeachment ocorrer por uma tentativa de golpe sem fundamento nos fatos e sem o envolvimento do presidente, o PT tem que desenvolver suas políticas no campo democrático que impeça isso. Porém, se houver e eu acredito que não exista, mas se existir provas, isto tem que ser colocado em relação a qualquer presidente da república. Qualquer presidente da república que esteja dentro das hipóteses e tenha responsabilidade a ponto de levar a um comprometimento efetivo da pessoa que governa o país, me parece que tem que haver impeachment. Eu não creio que isso ocorra com o Lula, mas isso deve ocorrer com qualquer presidente da república.

TM: Essa seria uma idéia predominante no partido?
JOSÉ EDUARDO: Não sei. Isso nós vamos ter que debater. Espero nunca precisar ter que debater isso dentro do partido, principalmente, com relação ao presidente Lula.

TM: Como anda a renovação dos quadros políticos do PT? A juventude petista.
JOSÉ EDUARDO: Eu acho que o PT, infelizmente, há muito tempo não desenvolve políticas mais firmes e arrojadas com relação à juventude. Eu acho que essa deve ser a preocupação de um novo PT daqui pra frente. Isso arranhou a nossa imagem e nós temos que mostrar para a juventude, aos novos quadros políticos que nós temos um pressuposto ético como patrimônio e temos um problema que nós queremos dialogar em larga medida com a juventude.

TM: Como advogado, o que o senhor pensa da existência do exame da Ordem dos Advogados do Brasil?
JOSÉ EDUARDO: Eu acho que o exame é uma conseqüência de uma situação danosa. Nós temos faculdades de direito em todo país que não tem a menor condição de docência ou de ensino. É uma realidade. O nível do curso de direito no Brasil cai ano a ano, inclusive, de uma forma absolutamente inaceitável. A Ordem tentou coibir isso durante algum tempo, evitando a abertura de novos cursos, exigindo controle, mas não conseguiu. Então, nessa perspectiva a Ordem tomou uma medida drástica que é a tentativa de forçar indiretamente as pessoas a perceberem que o fato de entrarem em qualquer faculdade não lhes assegurará uma boa formação. Eu não acho que é a melhor das soluções, mas eu acho que a Ordem fez o que ela tinha que fazer. Ela não poderia consentir que pessoas totalmente desdotadas de qualquer nível de habilitação pudesse sair comprometendo o direito das pessoas. Isso é inaceitável. Seria o mesmo que eu admitisse que um médico sem nenhuma capacitação pudesse estar operando e matando pessoas por aí. Então, a OAB faz o seu papel, mas essa não é a situação ideal. O ideal seria que nós tivéssemos tido uma política de combate efetivo contra a proliferação desses cursos e uma cobrança de nível. Eu acho que as instituições de ensino estão numa fria hoje porque se não elevarem o seu nível de ensino fatalmente não terão mais estudantes porque ninguém vai se sujeitar a uma situação ridícula e grotesca como essa de fazer cinco anos de curso e depois não ter a sua habilitação. Isso vai em longo prazo fortalecer uma reestruturação do ensino no Brasil porque do jeito que está é inaceitável.

TM: Desde quando o senhor é São-paulino? A sua família é São-paulina também?
JOSÉ EDUARDO: Desde quando eu nasci. O meu pai é São-paulino, a minha mãe é corintiana, a minha filha é corintiana e a minha esposa é corintiana. Então, nós somos dois São-paulinos cercados de corintianos por todos os lados.

TM: O senhor é sócio do clube?
JOSÉ EDUARDO: Eu fui sócio do clube durante muito tempo, aí deixei de freqüentar e eu precisaria regularizar a minha situação. Moro perto do clube, inclusive.

TM: O senhor já pensou em ser conselheiro do clube?
JOSÉ EDUARDO: Eu nunca tive muita atuação nem como sócio, mas é uma coisa que me agradaria poder participar mais ativamente da vida política do São Paulo.

TM: O senhor já pensou em fazer uma parceria com o clube em alguma campanha social como, por exemplo, o Fome Zero?
JOSÉ EDUARDO: Isso me agradaria muito. Eu acho que hoje, a vida política não me permite, infelizmente, mas poder me dedicar ao clube, a uma atividade interna, poder participar da vida social do São Paulo seria uma coisa que me atrairia muito. Eu não tenho tido condição de tempo para isso, mas quem sabe no futuro, isso me agradaria imensamente.

TM: Qual a sua opinião sobre o time Tri-campeão da Libertadores?
JOSÉ EDUARDO: Eu acho que é um time muito bom que ainda está dormindo um pouquinho após essa vitória. Eu não tenho assistido a todos os jogos. Vi o jogo contra o Juventude e achei que não é o mesmo time que jogou a Libertadores. É outra realidade. Então, nós precisamos colocar um despertador porque nós estamos na zona de rebaixamento e será muito chato para o campeão da América ser rebaixado no campeonato brasileiro.

TM: O senhor acredita que o melhor caminho para o São Paulo seria profissionalizar a gestão do clube?
JOSÉ EDUARDO: Eu seria favorável, mas sem perder, obviamente, a situação dos sócios poderem decidir em relação à diretoria profissionalizada. Eu acho que o futebol, cada vez mais, é profissional. Infelizmente, nós temos visto muitas situações de amadorismo e algumas, inclusive, com locupletação indevida por parte de dirigentes que se dizem voluntários e amadores quando na verdade eles não são nem voluntários, nem amadores, eles ganham dinheiro fazendo o que fazem. Então, eu acho que isso deve ser combatido e a melhor maneira de combater é instituir o profissionalismo. Deixar claro que aqueles que gerenciam são profissionais que podem ser removidos pelos sócios e prestam contas daquilo que fazem, do seu sucesso e da sua gestão. Eu acredito que o Estatuto do Torcedor e a Timemania são boas medidas nesse sentido.

TM: Quais são os seus ídolos e times inesquecíveis da história do São Paulo?
JOSÉ EDUARDO: Eu me lembro do Morumbi ainda em construção. Me recordo quando era garoto, do Roberto Dias que era um grande zagueiro nosso e junto com meu pai ele me deu um autógrafo. Foi inesquecível. Me lembro do Pedro Rocha, do Gérson, do Toninho que era centroavante, do Terto que era nosso ponta-direita com a camisa 7. Eu me lembro de um gol espetacular que o Gérson lançou o Terto na ponta-direita e ele perto da bandeirinha de escanteio e, em cima da linha,conseguiu cruzar a bola na área e o Toninho marcou o gol de cabeça num jogo contra o Corinthians. Lembro também de um gol do Teodoro que ele marcou de fora da área contra o Corinthians. Eu tenho imagens na cabeça. Me lembro do Sérgio Valentim no gol e também me lembro dos times mais estrelados. Lembro do Telê, do Valdir Peres, Muller, Silas, Raí, Cilinho. Timaços. No passado, eu também me lembro do Pablo Forlan que era lateral-direito e uruguaio e agora tem o Lugano. Enfim, eu tenho imagens muito felizes do São Paulo. Aliás, o primeiro jogo que eu fui ver no Morumbi levado pelo meu pai, e acho que foi aí que eu me tornei são-paulino de vez, o São Paulo sempre fazia no dia 25 de Janeiro um jogo amistoso contra um time estrangeiro e esse jogo o São Paulo jogou contra o Mitsubishi do Japão e o São Paulo venceu por 8 a 1 e acho que meu pai me levou de propósito nesse jogo para sacramentar a minha torcida pelo São Paulo porque não era possível o São Paulo perder pro Mitsubishi naquela época.

TM: O senhor freqüenta os jogos atualmente?
JOSÉ EDUARDO: Sempre que eu posso sim, mas não tem sido fácil ultimamente. Sempre que posso, eu vou com meu pai. Ás vezes eu vou de arquibancada porque eu acho que é gostoso e você vibra mais com a torcida. Sempre que pode a gente dá um pulinho no Morumbi e quando não dá, eu vejo pela televisão. Nos dois últimos jogos da Libertadores, eu já estava na CPI. No intervalo eu tinha que ir ver o jogo na televisão que tem no corredor e cheguei a ver o gol do São Paulo no primeiro jogo. No segundo jogo, felizmente, a CPI acabou com o jogo ainda nos quinze minutos do primeiro tempo e deu pra ver a maior parte do jogo.


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