Confira a entrevista com o ex-presidente José Augusto de Bastos Neto, realizada no encontro da oposição na última terça-feira.
Qual a sua opinião sobre a administração do Presidente Marcelo Portugal Gouvêa?
Eu considero que o Marcelo é uma pessoa com todas as tradições do São Paulo. Um homem que eu conheço há muitos anos. São-paulino ‘da gema’, nato e faz todo o possível dentro da sua capacidade para dirigir bem o São Paulo. Não vejo nada contra ele. Talvez um pouco de inexperiência, o que é natural porque eles ficaram doze anos fora do poder. Como eles estão há dois anos, se eles ganharem as eleições, nos próximos tempos eles passem a ter uma experiência maior. O que faltou apenas foi um pouco de experiência.
Qual a sua opinião sobre a venda do Kaká?
A venda de jogador é um negócio difícil de pensar. Se você pensar como torcedor, você não quer vender nenhum. Como financeiro, você quer vender sempre pelo melhor valor possível. Mas a oportunidade quando vem é uma vez só. Quando eu era presidente, tive uma proposta altíssima pelo Dodô e não quis vender. Acabei vendendo um ano depois por um preço muito inferior ao que eu recusei aquele dia. Hoje eu aprendi que se a proposta vem, você vende. Ele tem potencial para valer muito mais, mas o mercado naquele momento era para 9 milhões de dólares.
A oposição já tem um nome para disputar a eleição do ano que vem? Ela tem chances reais de vitória?
Primeiro que nós não sabemos se a eleição será feita pelo conselho ou pelo associado. Nós tivemos uma reunião do conselho consultivo, na qual o doutor Ives Gandra deu uma aula de sabedoria, que é o presidente desse conselho e homem respeitado em todo Brasil por seus pareceres; ele acha que a eleição deve ser feita pelos conselheiros. Acredito que tenhamos chance de ganhar a eleição tanto no conselho como na parte social. Quanto aos candidatos, me parece que pela lógica o da situação será doutor Marcelo Portugal Gouvêa. Pela oposição, nós não escolhemos ainda porque nós temos um obstáculo antes a ser vencido que é a eleição do conselho consultivo. Essa eleição se dá de cinco em cinco anos e só de vinte em vinte anos que as eleições do conselho consultivo, deliberativo, conselho fiscal e da diretoria acontecem no mesmo ano. Teríamos uma chance de fazer uma mudança no Estatuto que eu havia proposto, para que ficassem sempre juntos diminuindo o período do conselho consultivo, mas não houve o acordo político, então mais uma vez precisamos fazer eleição para o conselho consultivo. Nós achamos inclusive que, o conselho consultivo hoje, está inchado porque tem os natos que são os chamados ‘cardeais’ e tem os eleitos e acaba ficando muita gente. Com o passar do tempo, cada vez vai ter mais gente do consultivo, o que é ruim, deveriam ser poucos e com menos poderes.
Qual a sua opinião sobre o time do Tricolor? Com esse time poderemos vencer a Libertadores 2004?
Eu acho que dá para confiar plenamente na equipe. São todos jovens, destemidos, trabalhadores, lutadores, aguerridos. Eu tenho muita estima por eles porque a maioria passou pelas divisões de base do São Paulo quando eu era presidente. Então, eu tenho confiança absoluta neles. Acredito que a diretoria vá trazer um ou dois jogadores para juntar com esse pessoal que agora está com mais experiência para o futuro. Não esquecer que a Libertadores de 94 nós perdemos para um time totalmente inexperiente que era o Vélez.
O que a oposição mudaria imediatamente no São Paulo se assumisse hoje a presidência?
Bem, eu não posso dizer nada porque não sou candidato a presidente e nem a diretor de futebol. Eles vão saber o que deverá ser feito no momento oportuno. Eu apenas vou tentar, se me perguntarem, dar um conselho. Mas, eu tenho certeza que eles vão fazer o melhor para o São Paulo.
Você vê algum erro grave na administração do São Paulo hoje?
Não. Não tem erro grave. Acho que faltou apenas um pouco de experiência a eles que os levaram a algumas falhas, não erros.
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