"Escandaloso, nunca vi nada igual": Crespo reclama da arbitragem e lamenta derrota
05/10 - 19h25
O São Paulo perdeu para o Palmeiras por 3 a 2, neste domingo, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Tricolor vencia a partida por 2 a 0 quando Tapia foi derrubado por Allan dentro da área, em lance que foi considerado normal pelo árbitro Ramon Abatti Abel. O lance, no entendimento do técnico Hernán Crespo, foi determinante para o resultado final da partida disputada no Morumbis. – Pessoalmente, nunca vivi algo igual de escandaloso como hoje. Tenho 50 anos, 32 anos de futebol, como jogador e treinador. Nunca vi nada igual, nunca vi nada tão evidente. Tenho o maior respeito pelo Palmeiras, pelos jogadores, pelo treinador, pela história, o melhor treinador deste ciclo do Palmeiras e talvez da história, nada contra o Palmeiras. Me pereceu escandaloso, nunca vi nada igual.
– Podemos melhorar coisas, sim, como sempre. Podemos melhorar algumas jogadas, marcar melhor, sim, não tenho dúvidas, faz parte do trabalho. Mas o que vivi hoje foi escandaloso, não posso crer. Foi tão evidente, tão grande, que não posso crer o que passou – disse o treinador do São Paulo.
Crespo condicionou a análise da partida aos erros de arbitragem que, segundo ele, impedem qualquer avaliação sobre o desempenho esportivo do São Paulo.
– Sabemos as dificuldades que temos como equipe, nossas virtudes e limites. Sabemos as realidades de Palmeiras e São Paulo, pode passar, que não poderíamos sustentar de alguma maneira, mas muito difícil analisar o que passou, era tudo muito claro. A partida estava direta para ser, talvez, algo histórico. A superioridade do primeiro tempo foi impressionante, depois seguimos no segundo.
– Mudou, eles fizeram algumas mudanças, tiveram qualidade, as mudanças deles entraram melhores, tem o entusiasmo que ajuda ou prejudica. E isso condiciona jogo. Então, sim, podemos marcar melhor em algumas jogadas, sim, poderíamos finalizar, sim, também. Mas muito difícil depois de tudo o que passou, analisar tranquilamente isso numa entrevista. Agora, pedir uma análise? Estou louco ou vimos a mesma partida? Senão parece que estou louco. Num nível tão alto, onde pequenos erros.... Mas estamos falando de enormes, que condicionou tudo – disse o treinador.
A derrota deixou o São Paulo estacionado com 38 pontos na oitava colocação. O Tricolor agora fica dez dias sem compromissos em virtuda da Data Fifa e volta a entrar em campo apenas em 16 de outubro, contra o Grêmio, em Porto Alegre, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro.
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Satisfeito com a postura? – Sim, confio plenamente nos jogadores. Temos nossos limites, mas temos coisas muito boas também, nem tudo é positivo, nem tudo é negativo. Sabendo nossas virtudes e defeitos, a equipe mostrou que pode jogar em altíssimo nível. Hoje foi uma demonstração claríssima de como o São Paulo pode jogar em altíssimo nível.
Tapia – Muito contente com ele, chegou, com ceticismo geral, e foi tranquilo, em silêncio, sempre trabalhando, tentando aproveitar as oportunidades. Uma coisa que ele faz, tem um esforço enorme, vai deixar tudo em campo. E está fazendo gols. Levou faltas, o adversário levou cartões, exige muito. Gostos pessoais, mas estou muito feliz por ele, é uma muito boa pessoa, um profissional incrível que quer demonstrar que pode ser útil e está sendo.
Marcos Antônio e Rodriguinho – Esperamos... Marcos me pediu para sair, tentamos Rodriguinho porque havia espaço, podiamos ser mais precisos, ele tem bom pé para criar, mas seguramente poderia ter feito coisas melhores. Não jogou mal, mas não fez a diferença como achamos que poderia fazer com os espaços. Depois, com a situação em que o adversário foi ajudado psicologicamente pelo ambiente, e no futebol essas coisas são delicadas, o jogo que eu imaginava com espaços não apareceu. Talvez com 3 a 0, com Rodriguinho e espaços poderíamos ter feito quatro, não sei. Tudo o que passou, se desvirtuou. Sem tirar o mérito das qualidades do Palmeiras e dos nossos erros que podemos resolver melhor, isso é outra coisa.
Clima no vestiário – Orgulho, que tenho orgulho do grupo, mais do que resultado. Pelo o que mostrou, como enfrentou um gigante como o Palmeiras, nossa postura foi espetacular. Depois podemos analisar como chegamos ao gol, o que melhorar. Um rival de categoria. Mas muito orgulho, há coisas que não se pode controlar. O que se pode, fizemos muito bem. Mas emocionalmente, não sei se melhorar, não sei se é a palavra... Menos mal que não expulsaram ninguém, era para ser um desastre, mas mantiveram a calma. O que se passou não tem nome. Não volta (...) Me parece uma barbaridade, um escândalo o que se passou.
Arbitragem brasileira é ruim? – Não, tenho respeito. Foi hoje, para mim foi hoje. Depois, um dia pode errar... Há coisas que fazem parte da vida, que tem de tomar decisões, erram jogadores, mas isso.... (risos). Foi enorme, muito dificíl de justificar, agora, se me pergunta, sou eu que tenho que dar soluções? Não, não sou ninguém. Tenho que encontrar soluções para a minha equipe. Espero que todos vocês também, sabendo que hoje foi escandaloso, me encantaria que amanhã se fale em todos os lados do que passou. Hoje foi gravíssimo. Num encontro São Paulo x Palmeiras, que se vê em todo mundo. Uma barbaridade o que se passou, deixa muito mal falado o futebol brasileiro, e é uma lástima, porque há muito o que se falar de bom do futebol brasileiro. Mas nunca vi em 32 anos de futebol. Foi uma barbaridade.
Nervosismo – Quando o São Paulo joga, joga com essa identidade, é agressivo, produz, tenta fazer gols, tenta concretizar. O caminho é esse, todos sabem, depois da Data Fifa será igual, tentando ou esperando que as coisas sejam um pouco mais normais.
Campeonato manchado? – Não, não vou falar geral, não tenho informação sobre todo campeonato. Falo de hoje. Hoje foi escandaloso. Não estou julgando pessoas. Estou dizendo claro: hoje, em 90 e tantos minutos, foi escandaloso. Ponto. Hoje é importante. Evidentemente um escândalo. Unânime. Menos para quem deveria julgar o que passou.