Jogada de Nestor destrava o Talleres em noite de liderança tricolor
30/05 - 00h50
Quando a parte ofensiva não encaixa coletivamente, nada melhor do que contar com uma ação individual inesperada para mudar o panorama de um jogo. Muito da vitória por 2x0 do São Paulo sobre o Talleres, na noite desta quarta-feira, no Morumbis, se explica desta forma. O Tricolor via-se preso na boa marcação argentina, mas Rodrigo Nestor entrou em ação para alterar a história do confronto.
Foi o quinto jogo dele como titular desde que voltou de lesão. Mostrou novamente estar se aproximando de seu melhor nível ao criar sozinho a jogada que terminou em gol de pênalti de Lucas. O Tricolor não repetiu o desempenho que teve nas melhores partidas com Zubeldía, mas foi uma equipe madura para manter o resultado e ampliar no fim.
Escalações
Luis Zubeldia optou por iniciar com Calleri no banco de reservas. Juan foi o escolhido para ser o centroavante e André Silva também começou entre os suplentes. Lucas, Luciano e Rodrigo Nestor formaram a linha de meias.
Já o técnico Walter Ribonetto escolheu Mansilla e Portilla como substitutos dos desfalques Marcos Portillo e Ortegoza. Ruben Botta foi preterido para a entrada de Barticcioto no sistema ofensivo.
O jogo
O Talleres não demorou a mostrar o motivo de ter levado apenas dois gols nos seis jogos que antecederam o duelo com o São Paulo. Se fechou muito bem em um 4-4-2, quase sempre marcando dentro do próprio campo, e esbanjando agressividade no combate ao adversário que tinha a bola. Compacto entre os setores e lateralmente em cada linha, contou com as coberturas sempre próximas.
O Tricolor teve problemas para criar. Finalizou pela primeira vez apenas aos 27 minutos, e mesmo assim de forma péssima com Luciano. Não conseguia encontrar as conexões e desequilibrar o bloqueio adversário perto da área. Igor Vinícius ficou um pouco mais preso em relação a Welington, talvez uma preocupação em não dar condições para Ramon Sosa em possível contragolpe rival.
Isso fez com que Lucas passasse a maior parte do tempo bem aberto pela direita. A tabela entre os dois era a principal ferramenta para se estabelecer no campo de ataque, mas o time não encontrava a sequência das jogadas. Luciano esteve muito preso na marcação de Juan Portillo e Portilla. Nestor errava mais que o normal, mas ganhava mais liberdade do que Lucas a partir do lado esquerdo.
Juan recebeu poucas bolas em condições de dar prosseguimento a alguma jogada promissora. Fez alguns movimentos para o lado esquerdo visando entrar no jogo. Alisson - mais preciso - e Bobadilla faziam a bola circular de um lado a outro, mas não tinham tanta liberdade para trabalhar. Barticcioto e Girotti combatiam a dupla de volantes do São Paulo.
Com a bola, os argentinos trabalhavam com passes para Girotti escorar no pivô. Os volantes tentavam receber de frente, já dentro da intermediária são-paulina, e encontrar Miguel Navarro ou Ramon Sosa em progressão pela esquerda. Desta forma saiu a melhor jogada de toda a 1ª etapa. Depietri concluiu o cruzamento de Navarro, mas parou em Rafael.
Em outros momentos tentavam tirar a velocidade do jogo e ficar com a posse, mesmo sem tanta agressividade. O empate os favorecia. Quando parecia que o 1º tempo terminaria sem gols, Nestor fez ótima jogada individual em raro contragolpe pela esquerda e caiu após ser tocado por Depietri na área.
Lucas Moura botou o São Paulo na frente no placar ao converter a segunda cobrança. Na primeira, o goleiro Guido Herrera, que havia se adiantado muito, acabou fazendo a defesa invalidada pela arbitragem. A vantagem obtida obrigaria o Talleres a mudar a estratégia. Tinha que sair mais para não perder a liderança da chave.
O time argentino reclamou bastante de um lance no último instante da 1ª etapa. Ramon Sosa foi tocado por Luciano na área após finalizar e o pênalti foi pedido. Os protestos se estenderam e viraram uma grande discussão entre os jogadores da equipe, o trio de arbitragem, e os políciais que faziam a escolta após o apito que designou o intervalo.
A taxa de posse de bola se inverteu no 2º tempo. Foram os argentinos que passaram a ter a pelota nos pés por quase 60% do tempo contra cerca de 40% do São Paulo. O Tricolor se retraiu e passou a ter a possibilidade dos contra-ataques. Ruben Botta entrou para aumentar a criatividade do Talleres. Calleri foi a campo depois de três semanas ausente.
O Tricolor esteve mais próximo do segundo gol do que de levar o empate durante todo o tempo complementar. Encaixou alguns bons contragolpes, mas errou na hora da definição ou da decisão final. Mostrou-se compacto defensivamente. Protegeu bem a área e só foi incomodado em duas finalizações da entrada da área de Ruben Botta e Alejandro Martinez.
Alisson merece destaque pelo bom trabalho defensivo e pelos passes que distribuiu nas transições ofensivas pós-intervalo. Os quatro integrantes da linha defensiva também esbanjaram segurança e efetividade. Luciano coroou sua ótima fase com um golaço de fora da área no fim da partida, tranquilizando os tricolores mais aflitos.
Mesmo um pouco abaixo do que pode nos últimos dois jogos da fase de grupos, o São Paulo deverá chegar ainda mais forte em agosto, nas oitavas de final da Libertadores. A invencibilidade com Zubeldía segue, e a lua de mel com a torcida também.