.
   :: História
   :: Títulos
   :: Símbolos
   :: Ídolos
   :: Esportes Amadores
   :: Lendas
 
   .: Patacoadas
   .: Entrevistas
   .: Downloads
   .: Links
   .: Charges
 
   .: A 3ª Maior do Brasil
   .: Pesquisas
   .: Feminino
   .: Mirim
   .: Famosos
   .: Eventos
   ::  Organizadas
 
 
 
 
 
GARRINCHA E EU

Por LUIZ ANTONIO (luiz-a.cunha@uol.com.br)


Tenho quase certeza de já lhes ter contado que minha infância foi vivida entre Rio e SP. Familiares lá e cá. E a rivalidade paulistas X cariocas foi, sempre, presença constante.
Fosse pela importância política de cada estado, onde o RJ se sobrepunha. Não houvesse outra razão, só o fato de ter sido capital da República até bem pouco tempo atrás, já os destacava. Fosse pela economia, que SP, como até hoje, se impõe, ante os demais estados. Fosse pela rusga futebolística, que se atualmente existe, à época era uma coisa muito forte, mesmo.

Por aqui, somos bastante parciais, quando se trata das cores dos nossos times. Porcos odeiam craques do SPFC. Maloqueiros não vêm valores em jogadores palestrinos. E, nós tricolores, dizemos que não queremos nem os melhores jogadores gambás, nas nossas fileiras. As excessões, apenas confirmam a regra geral. Lá no Rio, não. Zico, por exemplo, foi unanimidade entre tricolores, vascaínos e botafoguenses, mas nenhum jogador carioca foi mais idolatrado do que o fenomenal Mané Garrincha.

Nos meus mais de 50 anos de vida, tive passagens que muito me marcaram. Tive proximidade com meu ídolo Gérson e contei com orgulho, no fórum do Site Proibido, da amizade entre os meus pais e os dele, na bucólica Niterói.
Certa vez, li uma mensagem exaltando mais uma das muitas conquistas gloriosas do fabuloso velejador Robert Scheidt. E a minha resposta, ficou como única, na qual contei que, todo prosa, já dei carona para o campeão, quando atravessava o canal de São Sebastião, entre esta cidade e Ilhabela no meu inflável, e vi alguém, num Laser com velas murchas pela ausência de vento, acenando em pedido de reboque. Àquela época o Robert era, apenas, tri campeão mundial e medalha de outro olímpica. É pouco?

Hoje, estou nostálgico, pois faz 20 anos da morte do Garrincha. E, quero contar uma passagem marcante em minha vida, da qual tirei uma lição, na única vez em que me relacionei com o Mané.
Perdera a chance de vir para SP, no último vôo da ponte aérea entre o Santos Dumont e Congonhas, ainda na época dos Electra II, turbos hélices de fantástica eficiência, numa 6ª. feira à noite. Como o SPFC jogaria no sábado à tarde, se não me falha a memória, em Sorocaba, para ver o jogo, madruguei no aeroporto. Só que as condições climáticas impediam decolagens. Ante a ausência de vôos e a pouca procura por lugares nas primeiras saidas, subi as escadarias e fui ao bar do restaurante, tomar o meu café da manhã.
Café tomado, e nada de chamarem os passageiros para o primeiro vôo. Pedi então, um saquinho de amendoim japonês e um guaraná, para saborear enquanto lia o cor de rosa, Jornal dos Sports, que para variar, não dava uma notícia sequer, do meu amado tricolor paulista.
Absorto na leitura e no saborear do petisco, notei u’a mão intrusa, pegar um punhado dos meus amendoins. Sem esboçar repulsa, curioso, apenas olhei de lado. Vendo de quem se tratava, fiquei feito cobra encantada pelos indús que tocam aquelas flautas de bambú. Estava alí, junto a mim, sem nenhuma outra pessoa do lado de fora do balcão para testemunhar, simplesmente, Manoel dos Santos, ou como foi mundialmente conhecido, Mané Garrincha.

Imediatamente ordenei que outro saco de amendoins fosse despejado no prato e convidei Mané, a continuar petiscando. Como aceitou, propous que tomasse café ou leite. Fazendo cara feia, disse-me que não, mas aceitaria um conhaque. Às sete da manhã.
É claro que lhe paguei uma, duas, tres e, quantas doses pode o Garrincha tomar, enquanto conversávamos e petiscávamos do amendoim.

Explorei naquelas quase duas horas de providencial mau tempo, e papo, o Mané, pedindo sua confirmação a histórias que a imprensa contava a seu respeito. Arranquei algumas (para mim), inéditas e, pedi sua opinião sobre alguns jovens jogadores do elenco sãopaulino, os quais, para minha surpresa, eram bem conhecidos do genial cracasso. Disse-lhe, que aos nove anos de idade, assistira ao lado do meu padrinho flamenguista, no meu “debut” do maracanã, a final do campeonato carioca de 1961, vencido pelo Botafogo por 3 a zero, com tres gols d’Ele. Contou-me que passara aquela noite em uma boate, indo dormir as seis horas da manhã, o pouco sono que seria suficiente para, horas depois, assombrar 200 mil pessoas que foram ao maraca assitir àquele jogo. Além dos gols, o show de bola, com dribles, arrancadas, passes, e gozações ao adversário, o pobre coitado Jordan, lateral esquerdo do Fla, curiosamente compadre do fenômeno das pernas tortas.

A lição que tirei daquele encontro com deus, conto agora: Finalmente, o alto falante chamou os passageiros para o primeiro vôo da ponte aérea, daquele sábado.
Só aí, percebi que não retirara minha ficha de embarque e que, absorto na conversa, não percebera que o avião já estava com sua lotação esgotada. Mané Garrincha, disse-me, singelamente, como era seu hábito, que não havia problema. Ele tinha direito a um lugar VIP nos vôos daquele aeroporto e como dispunha do seu cartão de embarque, cederia para mim o privilégio de embarcar em primeiro lugar, “vipamente”. Complementou, convidando-me a ir com ele ao estádio (se não me engano), do Ibirapuera, onde haveria um jogo de veteranos (time chamado Milionários), em que Ele deveria se apresentar e correr (como se possibilidade para isto, houvesse), cinco minutos, em troca de um diminuto cachê, além das passagens aéreas de ida e volta, mais o almoço.
Claro que aceitei, mas não deveria te-lo feito. Fiquei profundamente triste, ao ver a forma mal educada como foi negada ao Garrincha, que já encantara o País, dando-nos, sózinho a copa de 1962, e principalmente aquela cidade, que tem até hoje, a sua cara. “Bêbado não tem lugar VIP garantido na ponte aérea”, disparou o mal educado funcionário.
Menos decepcionado com aquele ingrato, desmemoriado, entregador de fichas de embarque e, mais triste por me dizer que eu não poderia, por sua influência, embarcar ao seu lado, despediu-se de mim o Gênio.
Voltei ao bar, para uma dose de “scotch”, vendo pela vidraça, o avião decolar levando o maior driblador que o mundo da bola viu. E, que jamais verá igual.
Lá fiquei, por mais de uma hora. Entre exultante pelo encontro, e decepcionado pela atitude do funcionário do aeroporto.

Por fim, desisti de viajar, só para não ter que olhar para o homem de cabelos grisalhos, que maltratara o segunda personalidade do esporte mundial. Retirei o carro do estacionamento e fui para General Severiano, que estava em ruínas. Andei por ali, relembrando “in loco” as histórias contadas pelo folclórico Garrincha e pelos joranalistas da cidade maravilhosa, todos, seus adoradores.

Poucos meses depois deste dia, li num jornal, que Garrincha estava internado, com sérios problemas de saúde. Dias depois, soube de sua morte.
Posso lhes afirmar que morreu sem mágoas. Menino ingênuo que era, em seu coração não havia lugar para outro sentimento que não o da amizade, da vontade de papear bebericando e, de jogar uma pelada.




Luiz Antonio da Cunha.


Outras colunas:
- "São" Marcos. Alguém Que Dignifica Uma Profissão
- A decisão
- A escolha errada, do Presidente
- A Minha Análise. O que eu vi. O que eu Sinto.
- COTRIN. De Quem Nunca Me Esqueci.
- Futebol ou Social???
- JUVENAL JUVÊNCIO, UM ÍCONE TRICOLOR
- MPG x P. Amaral - 4as. de Final do Paulistão
- O Mesquita e a Bahia.
- Um Campeão Pequeno. Um Pequeno Campeão.
- Uma Página Descartável



Outros colunistas:
 
* CONVIDADOS*
rodrigo@tricolormania.com.br
"As tuas glórias vêm do passado"

 
ANDRÉ DOMINGUES
adomingues@grupoassa.com
Resumo da Quarta-Feira

 
 
ANDRÉ LEONI
aleoni22@aol.com
Loucuras por um ingresso em Santa Bárbara D' Oeste

 
ARTUR FREIRE
fuxo@tricolormania.com.br
Eu acredito...

 
 
BABI
babi_tricolor@hotmail.com
Desabafo de uma torcedora tricolor..

 
BORGES
borges@tricolormania.com.br
2x0. Um resultado perigoso...

 
 
CELSO JARDIM
celso.jardim@uol.com.br
Juvenal, qual é a verdade?

 
DARIO CAMPOS
redacao@mauroivan.com.br
Muricy e o "velho papo" ...

 
 
FABIO MORAES
fabiomoraes2001@bol.com.br
A saga são-paulina frente ao Rosário

 
FABRÍCIO COSTA
fabricio.costa@estrategianet.com
Chivas da argentina? Arbitragem brasileira?

 
 
FERNANDA MANZELLA
manzella@uol.com.br
Já se passaram os primeiros 90 minutos

 
LUIZ ANTONIO
luiz-a.cunha@uol.com.br
A decisão

 
 
MARCELO DELLA BARBA
anaplo@bol.com.br
1931

 
MARCELO IKEDA
marceloikeda@uol.com.br
“UMA NOITE MILAGROSA”

 
 
PAULO PONTES
tricolornaweb@tricolornaweb.com.br
Esquecendo a Libertadores

 
RAFAEL COLLACHIO
rafael@palpiteiros.com
E O CAMPENATO ACABOU

 
 
THIAGO SANCHEZ
thiagosanchez@uol.com.br
Voltamos

 
VÍRUS
virusclubber@hotmail.com
1,2,3 - O desempregado da vez...

 
Digite o conteúdo a ser buscado nas colunas do site:
• Copyright 2003 - Todos os direitos reservados a Tricolormania •
   :: Patrimônio
   :: Elenco
   .: Tabelas
   .: Notícias
   .: Voz do Presidente
   .: Fotos Exclusivas
   .: Vídeos Exclusivos
   .: Gesp
 
   .: Quem Somos
   .: Ideais
   .: Manifestos
   .: Equipe
   .: Juris-Tricolor
   .: Ação Social
   .: Loja Virtual
   .: Página Inicial