Por ANILSON (anilson@uol.com.br)
Tenho visto muita gente reclamando da Lei Pelé, dizendo que ela esta acabando com o futebol brasileiro, pois, agora os clubes não têm mais como segurar seu patrimônio: os jogadores.
Bom. primeiro que jogador não é patrimônio e segundo que os clubes brasileiros jamais tiveram condições de concorrer com os clubes europeus. O problema, como todo mundo sabe, é a falta de dinheiro, os clubes daqui vivem com o pires na mão enquanto que na Europa até clubes de terceiro escalão tem mais dinheiro que os brasileiros.
Isso ocorre entre outras coisas devido a condição sócio-econômica dos brasileiros que é bem inferior a dos europeus. Mas esse não é o fator determinante pros clubes estarem nesse estado de falência.
Antes os clubes ficavam na torcida pra revelar algum craque pra poderem vender e cobrir os rombos das péssimas administrações dos seus dirigentes.
Quando aparecia algum jogador bom de bola ficavam segurando o máximo possível até aparecer a melhor proposta, muitas vezes seguravam o cara sem nem mesmo pagar salário, o jogador parecia mercadoria, às vezes quebravam a cara esperavam valorizar e acontecia o contrario.
Ai “vendia” a mercadoria, digo, o jogador por uma pequena fortuna, cobriam o rombo por algum tempo e ficava tudo certo. Até o rombo voltar novamente ai começava tudo outra vez.
Hoje isso não é mais possível, o jogador é um profissional, como outro qualquer, basta fazer um contrato e respeita-lo que o clube não vai ter prejuízo.
Mas como os dirigentes brasileiros não têm competência nem pra fazer um contrato acabam ficando na mão porque o jogador recebe uma proposta melhor e como tem brecha no contrato, ele sai e o clube fica a ver navios.
É por isso que os jogadores saem e não por causa da Lei Pelé, se o contrato fosse feito corretamente e cumprido isso não aconteceria, mas, não é e pronto.
Ai quem “livra a cara” dos clubes é a televisão, que compra todos os direitos de transmissão dos campeonatos e paga quanto quer por eles.
Tem clubes grandes no Brasil que já estão devendo pra televisão o dinheiro dos campeonatos dos próximos dois anos, isso é um absurdo, os dirigentes não fazem nada, ficam esperando a verba salvadora da TV.
Ai o que acontece? A TV faz o que quer, põe jogos nos horários que mais lhe interessa e ninguém pode falar nada, porque, se ela sair, os clubes quebram.
Um dos motivos dos estádios estarem sempre vazios são os horários dos jogos que são obrigados a começar só quando termina a novela ou tem que passar as 11:00 da manhã de domingo. Tudo isso por interesse comercial da TV que é quem paga, então, é quem manda.
Quero deixar claro que não sou louco pra achar que a televisão é um mal para o futebol, acho que da maneira que esta hoje esta mais prejudicando do que ajudando.
Os clubes precisam urgentemente achar novas fontes de renda se não a tendência é piorar cada vez mais, basta um pouco de competência.
Precisam contratar profissionais do ramo e não deixar o departamento de marketing a cargo de qualquer um, tem um grande clube de São Paulo, que tem como diretor de marketing um dentista. Lamentável, tem tudo pra dar errado.
Muitas coisas poderiam dar dinheiro para os clubes é só sabe explorar. Só pra ficar em dois exemplos:
Camisas: Os clubes fazem uma camisa oficial do clube por R$ 100,00 na media, ninguém compra, porque, não fazem uma de R$ 20,00 com um tecido mais barato. Com certeza vai vender bem mais, ganha-se menos por peça, mas, ganha-se muito no giro. Para não ser injusto o SPFC e a Topper estavam com idéia de lançar uma camisa desse tipo, não sei se lançaram. Esse é um produto que se os clubes souberem explorar vão ganhar muito dinheiro. É só saber adaptar o modelo europeu a realidade brasileira. O Real Madrid esta ganhando uma fortuna com a camisa 23 do Beckham.
Ingressos: Hoje um ingresso na arquibancado da Morumbi custa R$ 15,00, o “estacionamento” custa R$ 10,00 em dia de clássico custa R$ 20,00, pra ficar na rua. Ou seja, sai por baixo R$ 25,00 é caro pra maioria das pessoas que gostam de ir aos estádios. Se baixar pra R$ 5,00 a arquibancada e R$ 5,00 o estacionamento, devidamente explorado pelo clube, e não por flanelinhas, com certeza o estádio enche e o clube vai ter receita. Isso sem contar que esse “pacote” poderia ser vendido em carne, gerando receita antecipada para os clubes.
Os grandes clubes do Brasil têm mais torcida do que a população inteira de muitos paises. Se souberem esse potencial explorar em pouco tempo os clubes terão a sua independência financeira, é difícil, dá trabalho, mas da resultado.
Quando os clubes tiverem essas fontes de renda poderão vender os seus campeonato pra quem quiserem e por quanto quiserem.
É só ter coragem e competência pra mudar e não ficar ai chorando colocando a culpa na Lei Pelé que não tem nada a ver com isso.
Abraços a todos.
(Anilson Pereira é profissional da área da informática e autor de textos sobre esportes)
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