De "laranja podre" a jogador insubstituível no esquema de Roberto Rojas e Milton Cruz, Gustavo Nery é um dos raros jogadores que conseguiu vencer a pecha de jogador limitado e obteve, na metade de sua carreira, aos 26 anos, o valor que merece.
O atleta foi mais uma vítima da péssima estrutura de base dos clubes brasileiros. Apesar de não ter habilidade suficiente, foi alçado à lateral, de onde apenas saiu esse ano. Por isso, ficou no ocaso por muito tempo, tentando - em vão - adaptar-se à posição.
Além disso, foi vítima da falta de orientação. Figura constante na noite, tinha deficiências em sua preparação física, o que prejudica muito um lateral.
Corrigidos esses problemas, Gustavo Nery é um daqueles jogadores úteis a qualquer time: Tem bom arranque, técnica limitada mas não inexistente e muita raça. Sabe carregar o time à frente e tem ótima noção para apoiar Fabiano, com quem compõe o setor mais perigoso da equipe.
Alguns defendem sua escalação como um terceiro zagueiro, que se projetaria à frente. Eu discordo. Vejo que sua escalação correta é como terceiro homem de meio campo, compondo com os dois volantes o meio-campo, e avançando pela esquerda triangulando com Fabiano e Ricardinho, algo muito parecido com que Rojas vem propondo.
Enfim, o que surpreende é como alguns aspectos podem mudar a vida de um jogador. Às vezes, a simples mudança de atitude e de posicionamento pode mudar o conceito de um jogador. Se o São Paulo ratificar a boa campanha que vem tendo no Brasileirão, deverá muito disso a esse sempre regular lutador Gustavo Nery.