Por SERGIO BENTO (sergioguilherme@uol.com.br)
A lei Pelé, que extinguiu o passe no Brasil, parece ter virado o mais novo bode espiatório daqueles que se propõe a comentar o futebol no país. Após a debandada de 50 jogadores da primeira divisão do Campeonato Brasileiro para o exterior, os críticos afirmam que a falta do conceito de "posse sobre o jogador" impede que os clubes mantenham seus elencos até o fim da temporada.
Entretanto, os que apontam tal mecanismo mostram-se despreparados ao ignorar alguns fatores: primeiro, o simples fato de que o Brasil sempre foi um mero exportador de "pé-de-obra" (expressão consagrada pelo jornalista Juca Kfouri), independente de qualquer nova resolução; segundo, que um atleta profissional deve ser um empregado como outro qualquer, não devendo sujeitar-se a um cruel processo de escravidão; e por último, que o problema vem dos clubes, e não do sistema legal vigente.
Ainda com seus sistemas amadores e filocráticos, baseados em conselhos sedentos por vantagens e cargos, as entidades esportivas do país têm sérias deficiências ao captarem recursos. Não exploram o marketing óbvio e fácil que a mais fiel das clientelas – a dos torcedores – poderia lhes proporcionar. São coniventes com a pirataria, não promovem parcerias, não licenciam produtos suficientes e não usam a imagem de seus atletas como ídolos. Por isso, para cobrir folhas de pagamento fora da realidade e dívidas tributárias intermináveis, são obrigados a vender jogadores, com o preço de terminarem com elencos limitadíssimos.
O São Paulo Futebol Clube não é diferente. A decepcionante gestão de Marcelo Portugal Gouveia precisou rifar seu maior craque, Kaká, por não ter sido capaz de gerar ao clube receitas suficientes para arcar com suas aventuras. Algumas tentativas são louváveis, como o setor Premium, a parceria com o Habib’s e a loja instalada no Morumbi, a "Sãopaulomania". Ainda assim, estão longe de preencher as necessidades financeiras atuais.
O Sócio-Torcedor é muito mal divulgado, os torcedores de outros estados, ignorados, e a consolidação de nossos craques como produtos de marketing, inexistente. Medidas simples, como o cadastro de fãs do time em todo o Brasil, por Internet ou carta, e a consequente inclusão deles no sócio-torcedor, em troca de um pacote de vantagens, poderia ser uma ajuda significativa no caixa do clube. Uma loja móvel poderia acompanhar o time, dando a possibilidade dos torcedores de outras localidades consumir produtos oficiais. Atletas populares, como Luis Fabiano e Rogério Ceni poderiam ser usados como chamarizes em promoções. O time, por seu prestígio internacional, poderia promover excursões a outros países, desde que com o aval da CBF.
Enquanto nosso clube permanecer com sua estrutura amadora, craques como Kaká continuarão a sair, enquanto Simplícios e Rogers continuarão aos montes.
------------------------------------------- Sérgio Bento sergioguilherme@uol.com.br MSN sergio_guilherme2002@hotmail.com "Se você acha que a educação custa caro, experimente a ignorância." -------------------------------------------
- "As tuas glórias vêm do passado"
- "O dia de um sãopaulino"
- “Deus no Céu e o São Paulo na Terra”
- A lei Pelé
- A moeda que caiu em pé
- A venda de Ricardinho
- Começa hoje a temporada para o São Paulo
- De grão em grão
- Decadência Crônica - 19/10/03 -
- Justiça a Gustavo Nery
- O esquema 3-5-2 e o sistema de 3 zagueiros
- Para uma grande Família
- VOLTANDO ÁS RAÍZES
|