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O medo alimenta a paixão

Por DARIO CAMPOS (redacao@mauroivan.com.br)


Apenas algumas horas para o São Paulo voltar ao seu lugar...
Escrevo no laptop, sentado na arquibancada do Morumbi, sozinho, de frente para o grande símbolo de concreto sobre o gramado. Não me pergunte porque faço isso numa noite de sexta-feira, em vez de sair e me divertir, em vez de levar minha mulher para um restaurante, de ler um livro, assistir a um filme. Não me pergunte, irmão de sangue tricolor, porque você sabe a resposta. PAIXÃO.

Nem posso dizer que o tempo esteja passando devagar, porque a agonia, que me perseguiu implacavelmente às vésperas da Final da Libertadores, deixou-me em paz.

Naquele momento, era o torcedor de um time forte, eficiente, de fato poderoso.
Estava ansioso para que o jogo final chegasse, que a inspiração se mantivesse, que aquela garra que foi a marca da campanha se intensificasse ainda mais, porque uma derrota seria injusta, trágica, estapafúrdia.

Agora, não. O adversário é visivelmente mais forte, superior. Nos últimos meses, perdemos a pegada, a coesão tática, a força do esquema 3-5-2, que foi abandonado e retomado apenas ao final do Brasileiro. Chegamos ao Japão com impasses sobre premiação, renovação, fizemos uma partida pífia, em um jogo que deveria ser um treino, e o grupo parece desunido.
Já o Liverpool chega tinindo, atropela o adversário, chega a uma invencibilidade de 11 jogos, sua defesa parece insuperável, taticamente é perfeito.

Na Libertadores, tinha medo, como qualquer torcedor tem medo de uma derrota em jogos decisivos. O medo de ter feito tudo certo e cair no momento da glória.
Agora, estou sentado na arquibancada do Morumbi, em uma noite fria, para atenuar outro medo: o medo de ver em campo um jogo que não honre a nossa camisa, as nossas tradições. Que a apatia que se viu na quarta se repita. Que venhamos a sentir raiva de jogadores a quem verdadeiramente admiramos e amamos, justamente por terem resgatado a imagem de um time de raça, capaz de nos encher de orgulho mesmo nas derrotas. O maior medo não é perder, e, sim, ver em campo uma atitude que ofenda a paixão de todos nós.

Mas olhando para o símbolo lá embaixo, para as arquibancadas vazias e para o gramado, meus pensamentos começam a se aquietar, ao mesmo tempo em que me confundem, fazendo-me ver fantasmas. Repentinamente, vejo, bem junto a mim, um rapaz de 22 anos, calça jeans velha, uma camisa branca do São Paulo com o número 10. Ele está de costas para o campo. Então, olho para o gramado e um jogador cabeludo, com a camisa rubro-negra do Newell´s Old Boys prepara-se para bater um pênalti. Gamboa corre, bate, e, no gol, Zetti estica-se e defende.
O jovem torcedor só ouve, porque estava com medo de olhar, desde que Ronaldão havia perdido a sua cobrança. O som do delírio de mais de 100.000 são paulinos é tudo o que precisava ouvir. Ele cai de joelhos, começa a chorar, a cantar o hino.

Em alguns segundos, estou diante do mesmo personagem, mas fui remetido para um sobrado no Brooklin. Tenso e cercado por amigos, uns roendo unhas, outros estáticos ou passando nervo-samente as mãos pelas cabeças, assistem à TV. Aguardam uma cobrança de falta. Viro-me para a televisão, e vejo a bola sair do pé direito de Raí, para morrer no ângulo direito de Zubizarreta, do Barcelona. A cena que se segue é indescritível: urros, abraços, murros nas paredes e, de novo, o silêncio, a tensão. Olhares para o relógio, gritos de “tira”, “isola”, “segura”, e, então, o apito final. O tal rapaz de 22 anos grita, todos gritam, O MUNDO GRITA: “É CAMPEÃO, É CAMPEÃO DO MUNDO, PORRA”. Um de seus amigos, parado bem no meio da sala, chorando copiosamente, com o corpo inteiramente trêmulo, repete bem baixinho: “É Campeão do Mundo, meu Deus. É o melhor do Mundo.”

Volto ao Morumbi, e o mesmo cara, agora com 23 anos está enlouquecido ao ver Muller marcar o quinto contra o Universidad, e, minutos depois, ao ver Zetti, sozinho contra três atacantes chilenos, pegar cinco vezes seguidas a bola, não permitindo o gol, reforçando a convicção do Bi na Libertadores.

E então, de novo, uma sala de estar, os mesmos amigos, o mesmo nervosismo diante da TV, agora diante do temível Milan Um lançamento longo de Cerezo, Rossi vai ao chão para agarrar a bola, Muller salta para não atingi-lo, gira no ar, a bola pega em seu calcanhar e morre no fundo do gol, dando início ao delírio que, uma vez mais, se tornará silêncio, até que o último apito dê início à loucura, ao pranto, à festa de bandeiras e camisas vermelhas, brancas e pretas, tomando as ruas e conduzindo a madrugada no ritmo do nosso hino.

Volto do devaneio com a convicção: a essa camisa, suas cores e, sobretudo, o símbolo que ela representa, nos levarão a um grande triunfo. Ela é a força deste grupo e, no momento crucial, vai dar, a cada um, força, convicção, instinto de luta.

O amigo, segurança do estádio, que me possibilitou o acesso à arquibancada, preocupado, vem me procurar. A escuridão é total, ele grita meu nome, respondo que já estou saindo.

Na verdade, terminei o texto... Mas algo está diferente no Morumbi...
Ouço um som denso, forte, um burburinho. Levanto os olhos da tela do laptop e... a arquibancada está lotada. O Morumbi está lotado.
Há faixas, bandeiras, mas não há festa. Os olhares estão vidrados, o ruído é causado pela tensão, pelas respirações aceleradas. Por um segundo, todos se olham com uma expressão de espanto: o que estamos fazendo aqui? E então, voltam a assumir a fisionomia angustiada e a olhar para o campo. Talvez esteja fora da realidade, talvez a paixão que me tenha levado aos degraus de cimento tenha obscurecido de vez a minha razão. Mas meus olhos se enchem de lágrimas, e um impulso me faz começar a cantar, baixinho, aquela melodia que cantamos em coro ao longo de toda a Libertadores: ôôôô... ô-ô-ô- ô ô ô ô ô ô ô ô ô , ô-ô-ô- ô ô ô ô ô ô ô ô ô, ô-ô-ô- ô ô ô ô ô ô ô ô ô... é tri-co-lor.

Aos poucos, alguns me acompanham, e outros, e o coral se intensifica até ganhar todo o Morumbi. Não há um só rosto sereno, todos choram, ao mesmo tempo em que enchem o peito, enquanto um sorriso orgulhoso mistura-se às lágrimas.
Um êxtase coletivo toma o Cícero Pompeu de Toledo, a cantoria torna-se ensurdecedora... ôôôô... ô-ô-ô-ô ô ô ô ô ô ô ô ô , ô-ô-ô- ô ô ô ô ô ô ô ô ô, ô-ô-ô- ô ô ô ô ô ô ô ô ô... é TRI-CO-LOR...

Você que lê esse texto e se emociona sabe muito bem o porquê. Você estava lá, bem, ao meu lado. Outros estavam uns degraus abaixo, ou nas numeradas, nas cativas.
Agora, o Morumbi está vazio novamente, ouve-se apenas o vento.

Porque todos nós estamos no Japão. Tomamos o estádio e só aguardamos a entrada do São Paulo em campo. Continuamos cantando, ora aquele coro, ora o hino do São Paulo, incessantemente, com fúria e paixão, paixão que se alimenta até mesmo de nossos temores, balançando os alicerces do Estádio Internacional de Yokohama. Não pararemos até o apito final, até que o nome do São Paulo esteja de novo no lugar mais alto que se pode alcançar.

Caros Rogério, Cicinho, Fabão, Lugano, Ed Carlos, Júnior, Mineiro, Josué, Danilo, Aloísio, Amoroso, Bosco, Flávio Kretzer, Souza, Alex, Renan, Denílson, Flávio, Fábio Santos, Grafite, Thiago, Christian, Leandro, Richarlyson, caro Paulo Autuori, Marco Aurélio, doutor Sanchez, todos que aí estão: hoje, quando vocês pisarem o gramado, terão uma surpresa, semelhante à que tiveram no Monumental de Nuñes.

O frio desaparecerá, quaisquer diferenças ou discussões que tenham acontecido nesses dias sumirão, e o mais impressionante: um coro colossal de vozes tricolores, vindas das arqui-bancadas e de todas as partes do mundo, vai transformar o Estádio Internacional no Morumbi.

Vocês são respeitados e temidos, porque fizeram o que fizeram na América e porque quase 10 milhões de são paulinos amam e empurram esse grupo.

O eficiente, poderoso, instransponível Liverpool entrará em campo altivo, confiante, e então vai se deparar com a camisa branca, as listras vermelhas e pretas, e cada jogador inglês vai sentir as pernas titubeantes.

A expressão concentrada de Rogério Ceni, a obsessão e fúria nos olhos de Lugano, o olhar sedento de gols de Amoroso, o sorriso desafiador de Cicinho, a valentia de Mineiro e Josué, o espírito de guerra em cada um dos nossos. Mesmo aqueles que pareceram hesitantes, imaturos no primeiro jogo crescerão, porque vestirão nossa camisa, olharão por um minuto para aquele símbolo e verão nele as suas vidas, as dificuldades que venceram para chegar lá; verão seus pais, seus filhos, os amigos que jamais deixaram de apoiá-lo, e pensarão no seu nome, escrito para sempre na história deste clube que é uma nação.

VISTAM ESTA CAMISA, VISTAM DE FATO, agarrem seu símbolo e pensem em tudo que lhes é caro, em todos que torcem por você, nos jogos e na vida pessoal.

VOCÊS SERÃO INVENCÍVEIS.

Até a volta, guerreiros, até a volta, irmãos.

Esperamos ansiosos para levantá-los nos braços e escoltá-los até o Cícero Pompeu de Toledo.

SÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOO PAAAAAAAUUUUUUUUUULLLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO


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